Em estado crítico, um deles é sustentado por um suporte de madeira e deverá ser retirado. Torre do monumento está interditada.
Vilson Vieira Jr.
Quase 16 mil. Este é o número de pessoas que visitaram a Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida, de janeiro a outubro de 2012, de acordo com levantamento feito por monitores. No entanto, nenhuma delas pôde subir à torre do monumento e registrar uma foto de recordação ao lado dos três sinos, pois o local está interditado há cerca de sete anos.
Segundo funcionários da igreja e membros da comunidade católica, o motivo da interdição é o estado precário em que eles se encontram, principalmente o maior dos três. A degradação é tão grande que um suporte de madeira ajuda a manter o sino no lugar, pois corre riscos de cair. “Os turistas cobram muito a visita à torre para fotografar os sinos, mas com o local interditado isso não é possível. É vergonhoso”, lamentou Vacinto Rosário Bento, o “Zé Bento”, que trabalha na igreja.
Coordenador da comunidade católica dos Reis Magos, Adriano Machado disse que, em 2010, a Defesa Civil fez um laudo sobre a situação e constatou que os sinos ofereciam riscos. “Há probabilidades de caírem e causarem acidentes. Por isso, entramos em contato com o IPHAN [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], o qual concordou com o laudo feito. À época, uma arquiteta do Instituto afirmou que ia avaliar a possibilidade de recuperar os sinos”, relatou.
Para anunciar as missas, Adriano disse que, hoje, é utilizada uma campana, uma espécie de sino eletrônico, para substituir o som original. “O sino faz parte da simbologia da igreja. Ele é tocado em dois momentos antes da missa: meia hora antes do seu início (às 19h) e, depois, quando restam cinco minutos (às 19h25)”, contou. Além dos riscos aos visitantes, Adriano acredita que tal situação prejudica o turismo no monumento histórico-religioso. O vento é constante e muito forte no local, o que pode agravar as condições dos sinos no alto da torre. E o espaço também não está totalmente protegido da chuva.
Restauração
Em agosto deste ano, uma reunião entre a comunidade, a Prefeitura e o IPHAN foi realizada na Igreja Reis Magos para decidir, entre outros assuntos, qual seria o futuro de um dos três sinos. De acordo com a chefe da Divisão Técnica do IPHAN, Aline Miceli, na ocasião, a Prefeitura da Serra ficou com a responsabilidade de retirar o sino em estado de degradação. “No encontro, solicitamos à Prefeitura que retirasse o objeto para aguardar a sua restauração, que é um processo complexo. É possível que seja feita em 2013, pois não há mais empenho [recursos] para pagar esse serviço em 2012”, explicou Aline.
Segundo o secretário-adjunto de Turismo da Serra, Ernandes Zanon, a Prefeitura irá viabilizar uma agenda com o IPHAN a fim de retirar o sino. Explicou que isso ainda não ocorreu, segundo Zanon, em virtude do processo eleitoral na cidade. Disse que, ao ser retirado da torre, o objeto ficará nas dependências da Igreja Reis Magos para exposição aos visitantes.
Entretanto, fez uma ressalva quanto a uma possível restauração: “Já conversamos com o IPHAN sobre a restauração do sino. Não dá mais para recuperá-lo. O próprio Instituto disse que não valeria a pena, pois sofreria uma série de deformações e, com isso, perderia suas características sonoras originais. Ainda não fechamos um acordo sobre essa questão”.
Emendas
Nos anos de 2010 e de 2011, o vereador Marcos Tongo (PTdoB) apresentou duas emendas ao orçamento municipal para a recuperação dos sinos e solucionar o problema dos suportes que sustentam os objetos. Mas, segundo a assessoria do parlamentar, o Executivo não liberou nenhuma delas. Por sua vez, o secretário adjunto de Turismo, Ernandes Zanon, informou que os recursos das emendas foram remanejados para outros serviços e à compra de materiais para a manutenção do monumento, como cera e objetos de limpeza.
Fonte: Jornal Tempo Novo