NÁDIA GUERLENDA
SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO
A
Justiça começa a julgar amanhã, mais de dez anos depois do crime, cinco acusados
de matar o prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT), assassinado com oito
tiros em janeiro de 2002.
Escolhido
para coordenar a campanha do ex-presidente Lula, Celso Daniel foi encontrado
morto numa estrada de terra em Juquitiba (SP), após dois dias de
sequestro.
O
júri de amanhã em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo) marca mais uma etapa
de um duro embate entre o Ministério Público de São Paulo e o PT.
A
Promotoria sustenta que o grupo que será julgado sequestrou e matou o prefeito a
mando do ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, que responde
em liberdade e até hoje não foi a julgamento.
A
tese da Promotoria é que Daniel foi morto porque descobriu um esquema de
corrupção na prefeitura para financiar campanhas do PT.
O
PT acusa os promotores de politizarem um caso que, segundo conclusão da polícia,
é um crime comum.
A
defesa de Gomes da Silva contesta há anos no STF (Supremo Tribunal Federal) o
poder de investigação do Ministério Público em casos criminais.
Na
noite do sequestro, Gomes da Silva e Daniel voltavam de um restaurante na
capital paulista quando o carro foi alvo de uma emboscada.
Cercado
de polêmicas, o caso foi reaberto duas vezes e investigado por Polícia Civil,
Polícia Federal, Ministério Público e pela CPI dos Bingos. Seis pessoas
relacionadas direta ou indiretamente às investigações morreram.
O
julgamento de amanhã deverá durar dois dias. A acusação é de homicídio
duplamente qualificado, por motivo torpe ou promessa de recompensa e
impossibilidade de defesa da vítima. A pena máxima é de 30 anos.
Os
acusados estão presos, mas a defesa de um deles, Itamar Messias, conseguiu ontem
um habeas corpus no Supremo, o que possibilitará que ele não fique algemado na
sessão.
Até
hoje, apenas uma pessoa foi julgada no caso. Em 2010, a Justiça condenou a 18
anos de prisão Marcos Roberto Bispo dos Santos, que dirigia um dos carros no
sequestro. Na ocasião, o julgamento transcorreu sem a participação de Santos,
mas em seguida ele foi preso.
O
resultado foi considerado simbólico por familiares de Celso Daniel e desagradou
a setores do PT, temerosos de que uma nova vitória da Promotoria poderá
chancelar a tese de motivação política no assassinato.
Fonte:
Fonte:Politica com Bombagem
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