Galinha dos ovos de ouro
Ganhar a eleição de prefeito da Serra significa muito mais do que ser prefeito da cidade! Significa prestígio e poder! É um negócio imenso, com limites que vão muito além dos de um cidadão comum. É um negócio quase que incomensurável.
A Serra é de uma estratosfera muito grande dentro do Espírito Santo. É o segundo orçamento municipal entre as cidades do Estado; é a segunda em população; é a segunda em eleitores; é a primeira em extensão territorial da Grande Vitória; abriga o maior parque industrial do Estado e é importante para o Espírito Santo do ponto de vista social e econômico.
Esses elementos por si só já colocam o prefeito da Serra em uma posição extremamente privilegiada. Mas não para por aí!
A Serra é importante no aspecto político. Os seus 280 mil eleitores são fundamentais nas eleições de governador, senador, deputados federal e estadual. Ninguém ganha uma eleição de governador ou senador se não passar pela cidade. O município tem uma bancada de dois e meio deputados federais (Audifax, Sueli Vidigal e Manato, que optou por não concentrar esforços em favor da Serra).
Quem ocupa a cadeira de prefeito na ocasião da campanha eleitoral estadual é muito cortejado. Tudo acima citado é a metade da importância de ser prefeito. A outra metade vem da sua rechonchuda receita, que no próximo mandato (quatro anos) pode chegar a R$ 4 bilhões. Como o ser humano é movido por dois principais interesses (financeiro e sexual), essa cifra causa uma atração quase que incontrolável e quem a administra coloca-se em uma posição quase que de majestade, sendo rodeado de súditos por todos os lados.
Essa receita gera milhares de contratos e negócios, e o mais atrativo deles está vinculado à limpeza pública, que reúne as empresas Engeurb e Mosca, cada uma com funções diferentes. Mas o que mais atrai, sendo alvo da cobiça de grandes grupos empresariais, é o contrato de varrição de ruas; coleta e destino final de lixo domiciliar; coleta e destino final do lixo hospitalar. Serviços cujos contratos estão sob a execução da Engeurb.
Desde a concessão dos serviços de limpeza pública, em 1992, numa ideia ousada e inovadora do prefeito da época, Adalton Martineli, as atividades continuam praticamente da mesma forma, quase que rudimentar, sem o uso de técnicas e tecnologias novas.
Resumem-se aos garis varrendo as ruas do mesmo jeito de sempre; esporadicamente usa-se uma varredeira mecânica, que levanta muita poeira; são os caminhões compactadores nas ruas fazendo barulho, deixando restos de lixo nas ruas; ainda é frequente o uso de tonéis como depósito de lixo, o que exige um esforço grande dos coletores para despejá-los nos compactadores e, por fim, a deposição do que é coletado em um aterro sanitário no município de Cariacica. O básico do básico!
Do contrato original ao atual, poucas cláusulas devem permanecer e algumas nunca foram colocadas em prática; foi tudo desfigurado: o concessionário, o modelo de concessão, a forma de cobrança, o destino, entre outras. A usina de compostagem, que seria um diferencial, nunca saiu do papel e o aterro a céu aberto está lá, em Vila Nova de Colares. Não é mais usado como depósito, só como área de transbordo, mas o destino do chorume, resultado da decomposição da matéria orgânica, não se sabe.
O contrato da concessão está vencido, uma liminar expedida por um juiz impediu a Prefeitura de realizar nova licitação e estendeu o prazo da mesma; não se sabe se a Procuradoria recorreu ou não da liminar, se o Ministério Público se pronunciou sobre o assunto e não há nenhum mistério: um bom recurso derruba facilmente a liminar. Isso vai muito da vontade política.
Mas uma coisa é certa: esse é um contrato que será alvo da cobiça e de disputa entre grupos empresariais do setor; inclusive há sinais de que um dos consórcios que perdeu a licitação para a exploração do pedágio da BR 101, deve assumir o contrato e executar os serviços.
O serviço de limpeza pública se tornou um filão tão atrativo, que a Cesan, empresa de economia mista, controlada pelo Governo do Estado, até então atuando na distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto, alterou o seu contrato social, de forma a permitir que ela possa executar também esse tipo de serviço.
O certo é que essa concessão se tornou uma caixa preta, um emaranhado de papeis e fala-se em dívida milionária do município para com a empresa concessionada. Esse é um grande assunto que terá desdobramentos sim; mas somente depois das eleições; ganhe quem ganhar para prefeito.
Fonte:Jornal Tempo Novo
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sábado, 28 de julho de 2012
O QUE É SER PREFEITO NA SERRA.
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