domingo, 10 de junho de 2012

A sorte é que o brasileiro é generoso

A psicologia aplicada ao ser humano mostra que o homem está permanentemente em busca de ampliar os seus horizontes. A sua busca é sempre pelo dinheiro, pelo poder e prestígio. Esses três são como se fossem irmãos siameses. Eles estão ligados, se confundem e não se sabe quando termina um e começa o outro e no fim tudo é uma coisa só, pois um não sobrevive sem os outros.
As pessoas priorizam um ou outro de acordo com suas necessidades. Se pegarmos um empresário, ele irá priorizar o dinheiro, pois tem folha de pagamento, impostos, insumos e dezenas de outras demandas inerentes ao seu negócio.
O dono de um supermercado, por exemplo, tem o dinheiro, o poder e o prestígio que o seu negócio lhe dá. É assim com um dono de posto de gasolina e com todo e qualquer empresário. Naturalmente, quem é maior tem mais dinheiro, tem mais poder e é mais bajulado.
Um jogador de futebol, um artista... quem vive das artes ou das habilidades pessoais prioriza a carreira, para esta lhe dar fama, de onde o prestígio, o dinheiro e o poder influenciem a massa.
Um Ronaldinho Gaúcho, mesmo ruim das pernas, movimenta a mídia e atrai a atenção de milhares de fãs e consegue um contrato com o Atlético Mineiro de R$ 350 mil por mês. O rei Roberto Carlos, no alto dos seus 70 anos, se andar pelas avenidas de São Paulo, para o trânsito e os ‘súditos’ vão todos atrás de autógrafos.
Por fim, vêm aqueles que priorizam o poder da política. A maioria dos que detém mandatos já têm um emprego garantido, normalmente público, aposentado com um gordo salário. Lula é assim, Luiz Paulo Vellozo, Vidigal, Audifax, Fernando Henrique Cardoso e tantos outros são assim.
Se eles não tiverem mandato algum, dinheiro para pagar as despesas domésticas e pessoais eles têm. Como não têm maiores demandas, eles correm atrás de mandatos e por meio deste, alcançam poder, prestígio e  dinheiro.
O poder da política, principalmente a do Executivo, é maior do que o poder do dinheiro, do empresário e maior do que o recurso financeiro vindo do prestígio dos artistas e etc.
O que temos visto no Brasil nas últimas décadas é uma corrida desenfreada, desmedida e inconsequente da busca por essa trilogia. Muitos dos homens mais poderosos do país vira e mexe estão envolvidos em escândalos, sempre envolvendo dinheiro público e usando a máquina pública em benefício próprio.
A CPI do Cachoeira não será o primeiro e nem será o último escândalo que estaremos presenciando; é apenas mais um. Os fatos não estarrecem mais o povo, a indignação é passageira. Vejamos o Lula, que supostamente foi fazer chantagem junto a um ministro do Supremo Tribunal Federal, esse fato não causa mais indignação; outro fato foi os depoentes irem para um depoimento na CPI e ficarem calados ou usar de mentiras já passou a ser normal.
As investigações da Polícia Federal, as ações do Ministério Público, as denúncias feitas pela imprensa, nada disso parece inibir a saciedade de boa parte dos ocupantes de cargos eletivos.
Parece que estamos nos tornando a cada dia um país individualista, onde as pessoas cuidam cada um de si, se viram como podem, se protegem como podem e agem de acordo com a sua consciência. Todos esses desmandos, todo esse derrame de dinheiro público não são suficiente para causar uma revolta no seio da sociedade, que segue apática a tudo.
União de forças e solidariedade mesmo, só em casos de catástrofes naturais, acidentes e quando há risco de morte. O fato é que o povo brasileiro tem um bom coração e, é generoso até com os que lhe roubam o  dinheiro.
 Fonte: Jornal Tempo Novo

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